Turista em Cochabamba?

Postado por Babi Silva , segunda-feira, 28 de setembro de 2009 01:12

Já estou em Cochabamba a pouco mais de 10 dias. 

É estranho, mas ainda me sinto uma turista. Parece que minha ficha ainda não caiu e me sinto como se estivesse passando férias na Bolívia. Pelo menos tento aproveitar tudo como se eu fosse ir embora amanhã. A altura já não incomoda mais, apesar de sentir o ar bem seco e ainda ser difícil respirar durante a tarde por causa do ar quente que entra machucando o nariz. Estamos entrando na primavera e o clima varia entre 23 a 27 graus durante o dia e entre 17 a 23 graus durante a noite. É um bom clima pra se viver...





Fiz minha 1ª apresentação cultural sobre o Brasil na semana passada. Foi durante a reunião semanal do comitê local da AIESEC Cochabamba. Apresentei um vídeo e trouxe alguns “regalos” para os chicos. Trouxe postais, revistas, informativos e claro, a cachaça.

Quando disse que tinha trazido cachaça, alguns logo disseram: “Conheço cachaça brasileira. O nome dela era 51”. Na mesma hora já vem a lembrança (ou a falta dela) da minha festa de despedida. Logo digo: “Não! Trouxe cachaça mesmo. De verdade. Da boa!”. A cachaça 51 aqui é bem famosa. TODAS as cachaças brasileiras que vi aqui são 51... Algo me diz que isso é coisa do destino...


Olha a fila de desgustação de cachaça abaixo:


 


Encontrei um local pra morar. Depois que passei 2 dias na casa bonita, me mudei para a sala de estar do meu trabalho. 
Procurei vários lugares e, ou eram longes e baratos ou próximos ao trabalho e caros. Quando consegui um quarto, numa casa de brasileiras mais ou menos dentro da minha expectativa, minha chefe, a doutora que é dona da Fundação onde trabalho, disse que estava programando alugar um quarto que fica em anexo à fundação. Como não queria morar com brasileiros, logo perguntei o preço e era mais barato do que eu esperava. O único problema é que o outro trainee do Peru, que também trabalha na Fundação, já estava ficando no quarto. O intercâmbio dele não é financiado como o meu. Então, no lugar do salário ele ganha comida e casa pra morar. A doutora me disse que precisava mudá-lo para outro quarto, pois estava precisando do dinheiro do aluguel. Pronto. Depois de 1 dia, me mudei para o quarto que fica a 10 passos de meu trabalho. A fundação funciona na casa da doutora, dona da fundação e por isso, durmo, faço minhas refeições e trabalho em um mesmo local. 
Outro lado bom é que o horário de trabalho tornou-se mais flexível. Leia-se: Trabalho FULL TIME com direito à reuniões no domingo a noite. Porém estou amando. O trabalho é apaixonante e o próximo post será dedicado à ele.
A parte ruim é que eu perdi os momentos de caminhada entre a casa e o trabalho, onde podia ver a paisagem, o transito louco, as pessoas na rua e podia caminhar pensando na vida. Tenho medo também, de enjoar em estar SEMPRE no mesmo ambiente, mas por enquanto, estou adorando. 
Depois de 1 semana foi ótimo poder desfazer minhas malas do Brasil. Percebi que mesmo tentando trazer só coisas úteis, trouxe muitas coisas que sei que não vou usar tão cedo. O melhor foi poder ter um cantinho só meu. Tem uma bandeira do Brasil pendurada na parede e várias fotos, de amigos, família e da AIESEC BH que estão na cabeceira da cama.

Sai poucas vezes. Só fui à um café chamado Dali, onde em todas as mesas os jovens ficam jogando “Cacho” um jogo de dados que é manina dos jovens de Cochabamba.
Fora isso, tenho ido mais à festinhas informais que acontecem nas casas de alguns amigos da AIESEC, onde jogamos Cacho ou vemos filmes.





Mais Impressões de Cochabamba:



- O transporte público é de uma informalidade que assusta, mas até que funciona. Não há empresas de ônibus e sim, donos de ônibus e linhas. Assim, cada um enfeita e dá um nome ao seu transporte. É um festival de criatividade. Não há pontos de ônibus. A gente para na esquina, faz o sinal com o braço e o ônibus pára. Na hora de descer é só gritar: “Baja en la esquina, por favor!”. O melhor é o preço: 1,50 bolivianos, menos que 50 centavos de real, cada viagem! Há também os TRUFIS, que são vans ou táxis que no lugar do adesivo do Batman, possuem placas sinalizadoras no alto do carro e fazem roteiros pré-estabelecidos (os mesmos intinerários dos ônibus). O preço neles também é de 1,50 Bolivianos.



- Apesar de menos enfeitados, os táxis daqui, como os de Santa Cruz, também não possuem taxímetro. O negócio é negociar o valor antes da viagem. Porém, se percebem que você é estrangeiro já dobram o preço. Bolivianos são bons negociadores e adoram pechinchar. Então a gente entra, pergunta o preço. Eles dizem 10 bolivianos, você responde 5 bolivianos e ao final sai por 7 bolivianos (2 reais). Essa é a média de preço que estou pagando por uma corrida de táxi. 


- Tenho a impressão de que vou voltar pão-dura para o Brasil. Viver aqui realmente é muito barato. Fiz uma compra básica para o mês, semana passada e saiu por 100 bolivianos, menos que 30 reais! Uma saída na night não te custa mais que 20 reais. Um almoço fora, em um bom lugar, sai por em torno de 10 reais. Se for num lugar mais popular sai em torno de 3 reais. Por isso há tantos brasileiros fazendo medicina por aqui. Ainda estou evitando fazer amigos brasileiros. Afinal, se quero ver brasileiro vou para o Brasil!


To be continued...

Cochabamba, Cidade Jardim

Postado por Babi Silva , sexta-feira, 18 de setembro de 2009 19:21




Bom, durante o vôo de Sta Cruz de La Sierra à Cochabamba, pude perceber os contrates. Primeiro voei durante muito tempo sobre kilometros e kilometros  de rios secos. Era quase que assustador ver rastros de algo que seria largos e compridos rios.



Depois começou a paisagem de montanhas. Muitas altas montanhas. E de repente, um grande vale com muitas casinhas lá embaixo. Pronto, cheguei à Vale de Cochabamba.


A cidade é linda, cercada de montanhas como minha Belo Horizonte. Cochabamba fica realmente em um vale, é plana e para todos os lados se vê as montanhas ao fundo. 
Quando desci do avião meu primeiro susto: Cadê minha mala!? Não estava na esteira. Fui até o senhor que desligou a esteira e arranhei um portuñol pra saber onde estava minha mala. Ele me indicou um balcão e surpresa, lá estava ela linda me esperando. Depois que peguei minha mala outro susto: Cadê  a plaquinha escrita AIESEC? Vixe, agora danou-se. Não sei para onde devo ir. Ligo para um número. Desligado. Ligo para o segundo numero que tenho. Não atende. Começo a me desesperar. Ligo para o 3º e último número que tenho.

Ufa, Mauricio atende. “Hola Barbara, como estás? Nosotros estamos llegando.” Ok. Aguardei um pouquinho e quando olho para o lado o que vejo. Não só uma plaquinha, mas uma enorme faixa da AIESEC. Ai que lindo! Quando chegamos do lado de fora do aeroporto havia uma caminhonete abarrotada de gente. Todos ali para me dar as boas vindas. Aeeeê, me senti em Sta Cruz novamente. Claro que tiramos a famosa foto coletiva antes de irmos almoçar.



Cochabamba é conhecida por seus jardins (realmente lindos) e por sua comida. Bom, minha primeira refeição em Cochabamba não foi nada típico. Comemos uma pizza. O que me chamou a atenção da pizza foi seu tamanho. Aqui tem o tamanho pequeno, médio, grande, gigante e interminável! Comemos a interminável que é quase interminável mesmo. Ainda bem que estávamos em 10 pessoas.
Depois fomos deixar minhas malas na casa que seria minha pelos próximos 2 dias.


 Uma casa onde vive 1 trainee da Dinamarca, o diretor de projetos da AIESEC Cochabamba, Pablo que também é o responsável por minha vinda até aqui e outro membro da AIESEC cochabamba. A casa tem 3 quartos, então não poderia ficar por lá muito tempo. Sim, não tenho casa pra morar. Tudo bem, penso nisso depois. Agora quero conhecer um pouco a cidade Jardim.
Cheguei  1 dia antes do aniversário da cidade (que sorte). As ruas estavam cheias de gente e havia muitos desfiles, como parada de 7 de Setembro, mas com a diferença que havia 1 desfile em  cada praça. Aqui tem muitas praças. Todas muito grandes e cheias de jardins. Não tenho fotos, pois esqueci de carregar a bateria da minha câmera. Ai meu amigo Murph...


Depois que vimos alguns desfiles e conhecemos algumas praças fomos em direção a La Cancha, um lugar conhecido por vender coisas típicas e coisas baratas. É uma mistura de Shopping Oi e Feira Hippie, mas é numa rua. Lá as coisas são ainda mais baratas que o normal. É possível comprar 3 dvds  de filme por 10Bs (3 reais).  Estava vendo algumas bandeirinhas e outras lembranças da Bolívia quando, de repente, minha vista começou a escurecer, fiquei enjoada e por pouco não cai. Sentei-me e todos vieram me ajudar. Diziam coisas que não conseguia entender por causa do enjôo. Entrei no taxi e fui pra casa.
Chegando a casa já me deram um chazinho... Pensei: Pô, eu aqui, quase morrendo e esse povo em vez de me levar ao médico me dá chazinho!  Sim, o milagroso chá de Coca. Passei mal por causa da altitude. Não deveria ter ido de avião, pois a mudança na altura foi brusca. Santa Cruz de La Sierra está a uns 500 metros de altitude e Cochabamba está a 2500 metros.  Por causa da altitude é difícil respirar. A gente respira, respira, mas parece que a quantidade de ar que entra não é suficiente, dá uma agonia imensa. Além disso, o ar daqui é muito seco, entra queimando e ferindo o nariz que, por vezes sangra por causa disso. A cabeça dói muito nos primeiros dias por causa da alta pressão. E se caminho um pouquinho mais rápido já fico tonta e sem ar.  Meu plano de entrar na academia está suspenso, por enquanto. Dizem que esses sintomas passam depois de uns 15 dias. Por enquanto, o chá de Coca é meu companheiro, pois alivia a dor de cabeça, parece que diminui a pressão e o vaporzinho que sai é bom para respirar.

Primeiras impressões de Cochabamba


- Uau... não é Rio, mas a cidade é maravilhosa. Cheia de jardins e praças bem cuidadas.
- Ah, tem o Cristo também. Dizem até que é maior que o Cristo do Rio (vou averiguar pessoalmente).
- Aqui tem um lugar chamado Copacabana, às margens do Lago Titicaca.
- A altitude realmente está sendo um problema. Espero que passe logo.
- O trânsito é bem melhor que o de Sta Cruz, mas ainda é confuso. (acho que perdi o referencial de trânsito organizado).
- Os taxis são mais discretos, mas ainda existem alguns bem enfeitados e com várias luzes piscando (acho que estou sentindo falta da extravagância de Sta Cruz).
- Aqui também não se usa cinto de segurança.
- Há muitos motoqueiros pela cidade e nenhum usa capacete (Pra quê? É bem melhor sentir o vento no rosto).
- As pessoas são mais tranqüilas e caladas. Não são muito de farra, como as pessoas de Sta Cruz. Levei quase 3 dias para beber minha primeira cerveja.
- Há muitos quéchuas e camponesas (aquelas que carregam seus filhos nas costas embalada por um pano colorido) circulando pela cidade.
- Cochabamba é uma cidade de Jovens universitários. Tem muito brasileiro estudando por aqui, mas por enquanto, não trombei com nenhum.

Bom, fiquei na casa bonita só por 2 dias. Por enquanto, estou dormindo no trabalho. Espero resolver isso até domingo.

To be continued...

Luis Fonsi, uma celebridade Nacional.

Postado por Babi Silva , terça-feira, 15 de setembro de 2009 18:13

Bom, minha história com Luis Fonsi começou quando, na tarde de sexta-feira, no meu 1º dia em Sta Cruz de La Sierra, conheci Nuptse, uma chica da AIESEC de La Paz que foi à Sta Cruz somente para ir ao show de Luis Fonsi. Claro, não é todo dia que Fonsi visita o país e viajar por mais de 15 horas só para vê-lo, faz todo sentido. E eu, como a mais nova intercambista da cidade, me juntei à Nuptse e sua tchurma de fãs para tentar sacar una fotinha, mesmo que de longe, de Luis Fonsi.



Nossa 1ª parada foi no local onde seria o show de Fonsi, para pegar o tão sonhado ingresso que havia sido comprado pela internet(se não me engano). Nesse local, nos encontramos com outras chicas da AIESEC Sta Cruz e, quando Nuptse foi pegar seu ingresso, descobriu onde Fonsi estava hospedado e que, possivelmente, ele iria dar uma entrevista para a imprensa local. Lá fomos nós atrás de Fonsi. 
*Foto -  5 fãs de Fonsi e o ingresso de Fonsi na mão de Nuptse.




Entramos no táxi (lembrem-se que temos que ter no mínimo 5 pessoas para dividir um taxi) e fomos ao hotel onde Luis Fonsi estava hospedado. Me senti na adolescência de novo. O melhor era ver a euforia das chicas querendo entrar no hotel ou procurando saber se ele, realmente estava lá. E quando perguntavam pra mim, sobre qual era minha canção favorita, ficava até sem graça de dizer que NUNCA havia ouvido falar desse tal Fonsi. Elas olhavam pra mim com um olhar de pena, como quem diz: Coitada, ela nunca ouviu Fonsi... Depois de quase 2 horas de espera em frente ao hotel e muitas tentativas de negociação com os seguranças eis que... desistimos huhauhauahuahuahuaha..
*Foto - Nós em frente ao hotel.                                              





No sábado seria o show de Fonsi e Nuptse teve a brilhante idéia de tentar entrar para a passagem de som. Dessa vez, não pude acompanhá-la, pois fiquei no evento de seleção de novos membros da AIESEC Sta Cruz e logo depois todos foram à festa de aniversário de uma das diretoras nacionais da AIESEC Bolivia.  
*Foto coletiva com os membros da AIESEC Sta Cruz.




Minha 1ª festa AIESECa na Bolívia. Eles valorizam muito a cultura Boliviana e todos os jovens dançam músicas folclóricas durante a festa. E eu, como boa brasileira que sou, ensinei um pouquinho de samba...Aproveitei para ensinar outras brincadeiras e drink games também rsrsrs.


















 Depois eram umas 8 pessoas e logo, todos estavam segurando o copo e fazendo o drink game que eu ensinei. Foi muito legal ver todos da festa tentando equilibrar o copo entre o dedo indicador e o polegar hauhauahuahuha



No domingo pela manhã iria pegar um táxi até o aeroporto para pegar um avião à Cochabamba. Todos os convidados dormiram na casa da anfitriã da festa. Me levantei cedo e quando disse que ia para o aeroporto, Nuptse (que também foi para  a festa depois do show) perguntou se eu não queria uma carona, pois ela também estava indo ao aeroporto. “Claro, que horas é seu vôo para La Paz?”, perguntei. “Vôo? Não. Não vou viajar, estou indo me despedir de Fonci”, ela respondeu. Claro, depois de 2 dias inteiros atrás de Fonsi, ela não iria perder a chance de estar ao lado de seu ídolo uma última vez. E lá fomos nós de novo atrás de Fonsi. Dessa vez, não fomos de taxi,  fomos em um carro todo plotado com fotos do Fonsi. O carro era de uma nova amiga fã de Fonsi, que Nuptse conhecera durante o show e que também estivera ávida atrás de Fonsi durante 2 dias inteiros sem sucesso. “Pelo jeito esse cara é famoso mesmo ”, pensei comigo mesma e meus botões. Elas sabiam que Fonsi iria pegar o avião para Miami e que sairia ao meio dia. Então ele estaria no aeroporto pelo menos 2 horas antes do vôo.

Depois de angustiantes 20 min eis que, finalmente, surge Luis Fonsi. Assim que ele desceu de seu carro umas dezenas de fãs se aglomeraram. Claro que Nuptse e Adriana, nova amiga de Nuptse, estavam no meio, tentando a todo custo conseguir um autógrafo e tirar fotos com seu ídolo.
Finalmente, depois de 2 dias inteiros, uma passagem de som e um show atrás de uma foto as 2 chicas conseguiram fotos com Luis Fonsi, o ídolo nacional.  Quando estava na sala de embarque, pude vê-lo uma última vez indo em direção ao embarque internacional.
*Foto - Luis Fonsi, Nuptse e Adriana




Então, depois de 2 dias e 3 noites cheias de agitação, me preparo pra ir à Cochabamba. Finalmente vou conhecer a cidade que será minha cidade pelos próximos 6 meses. Mal cheguei e já tenho que fazer minha primeira despedida. Enquanto esperava o vôo, fiz um balanço do que foi minha viagem até ali, estava apreensiva com o que estava por vir. Sta Cruz ficará marcada em minha vida por ter me dado agradáveis surpresas, novos amigos, animações, aprendizados e aventuras. É... tomara que Cochabamba seja assim também...

1º Dia de turista

Postado por Babi Silva , segunda-feira, 14 de setembro de 2009 11:57

No meu primeiro dia em Sta Cruz, sai com o presidente do comitê local para conhecer a cidade. Conheci a famosa plaza 24 de Setiembre com sua lindíssima catedral e suas centenas de pombos.
Achei a cidade muito cheia de gente e o transito caótico fazem a cidade parecer uma completa bagunça. 
A comida é normal e muito barata. Paguei 10 bolivianos por um prato completo (+-3 reais) de arroz, batata frita e frango frito. Não se come salada nem feijão! Provei comidas típicas como Sonso (tipo de massa de mandioca com queijo) e bebi chicha... A Chicha não me caiu muito bem. Diz a lenda que a chicha é feita de milho fermentado. As mulheres mastigam o milho, cospem e deixam fermentando durante dias ao relento (tomara que seja só lenda, mas nenhum boliviano conseguiu me explicar ainda como se faz chicha).
Na Bolívia não existe MC Donalds, só Mac Ronald (nem tentei provar). Fui ao evento local da AIESEC. Todos os membros são muito amigáveis e me convenceram a participar de outro evento de seleção que haveria na manhã de sábado. Pronto. Adiei mais 1 dia minha ida para Cochabamba.
Ao final do primeiro dia minha cabeça doía muito e não conseguia pensar direito. Isso tudo por causa do idioma... Agora entendo o que os trainees passam quando chegam à BH. Chega um momento que não consegue mais prestar atenção ao que as pessoas dizem... é como se falassem só blábláblá... Quando alguém falava inglês comigo era um alívio...
Mais impressões de Sta Cruz:
- O clima é tropical, bem parecido com o Brasil.
- Uau! Como o trânsito é caótico... Ai que saudade do trânsito chato de BH...
- Os rios da cidade são secos, até mesmo os rios encanados que atravessam a cidade não possuem água, o que sobra é lixo. Imaginem como seria o Rio Arrudas seco...é mais ou menos isso.
- Dizem que tem muito brasileiro. Há faculdades onde só brasileiros estudam. Se escuta muito o português pelas ruas, mas evitei falar com eles. Prefiro hablar mi portuñol, que afinal não és muy ruim. Porque todos me perguntavam como aprendi espanhol no Brasil. Obrigada Juanito, Natalia e Yiyo por me ajudarem =)
- Os bolivianos são muito patriotas e também muito regionalistas. Em toda cidade se vê bandeiras da Bolivia e a cidade de Sta Cruz é toda enfeitada de bandeiras verde e branco, que são as cores da bandeira da cidade. Isso me faz ter um pouco de vergonha do Brasil, pois só somos patriotas em época de Copa do Mundo. Lembro-me de ter tentado comprar coisas do Brasil e não consegui achar por nada... Só consegui lembranças do Brasil no aeroporto!

O mundo é uma caixinha de boas surpresas.

Postado por Babi Silva , domingo, 13 de setembro de 2009 16:05

Sai de BH no dia 10 de Setembro. Estava planejando chegar à Santa Cruz de La Sierra à 1 da manhã do dia 11, dormir no aeroporto e pela manhã pegar um ônibus para Cochabamba. Queria aproveitar a paisagem da cidade de Santa Cruz e o caminho para Cochabamba, já que não teria tempo de conhecer melhor Sta Cruz naquele momento.
Cheguei à Sta Cruz, passei pela alfândega (suuper tranqüilo) e quando sai do portão de desembarque vejo uma plaquinha com uma palavra bem familiar “AIESEC”. Foi um misto de emoção e confusão. Não esperava ler essa palavrinha mágica ali. Custei a acreditar que a plaquinha era pra mim. De repente, me aventuro a olhar melhor o que havia por trás da plaquinha. Rostos curiosos e contentes em me ver. Como é bom sentir esse cuidado dos outros.

O escritório local da AIESEC de Santa Cruz descobriu que eu iria chegar e ficaram preocupadíssimos por mim. Não podiam imaginar alguém dormindo no aeroporto até o dia seguinte (até hoje não vejo problema nisso). A disposição de ir tão longe me resgatar e a total abertura para mostrar a amizade, me deixou bem tranqüila e feliz por ter escolhido Bolívia como país de intercambio. Bom, depois do meu primeiro contato real com o idioma espanhol e das apresentações dos meus novos amigos, fomos deixar minhas malas na casa do diretor nacional de intercâmbios da AIESEC Bolívia e depois fomos buscar algum lugar para beber algo e conversar um pouco. Tomei minha 1ª cerveza boliviana, a famosa Peceña Huari.
Durante a conversa, descobri que haveria um evento da AIESEC local no dia seguinte e me pediram para eu dar um testemunho sobre minha experiência como presidente da AIESEC em Belo Horizonte e da minha inicial experiência de intercambio. Pronto, adiei por 1 dia minha ida para Cochabamba.

Abaixo foto com os meus salvadores.

Primeiras impressões da Bolívia (Lê-se choque cultural ou stress aculturativo)

- Uau, todos aqui falam espanhol e o tempo todo! Hahahaha
- Os Bolivianos adoram conversar. São todos muito simples e simpáticos. Estão sempre prontos a te ajudar. Me senti como se estivesse entre velhos amigos.
-  Tudo aqui é realmente barato. O aeroporto é bem longe da cidade (igual o aeroporto de Confins em BH) e mesmo assim, a viagem saiu por 30 bolivianos, o equivalente a +-10 reais.
-  Só se pega taxi se tiver pelo menos 5 pessoas para dividir a conta.
- Ninguém usa cinto de segurança. Até porque é complicado usar cinto quando se tem 2 pessoas no banco passageiro da frente e isso acontece SEMPRE.
-  80% dos carros de Sta Cruz têm vidro quebrado, estão amassados e não possuem todos os equipamentos básicos de segurança como o retrovisor e o cinto.
- 70% dos carros de Sta Cruz são taxi. As pessoas preferem porque são muuuito baratos e pode-se colocar quantas pessoas couberem dentro, mesmo que seja no porta-malas. Um dia peguei um taxi com uma criança de 3 anos sentada no banco da frente. Não, não estava ocupado, era o filho do taxista e, mesmo assim entramos no taxi. Lembrando que se pega taxi quando se tem pelo menos 5 pessoas para dividir a conta, que dessa vez tinha dado 15 bolivianos total ou menos que 5 reais. Lo niño? Foi no colo de uma das 2 meninas que estavam no banco da frente!
- Cada táxi é enfeitado de um jeito, com muitas luzes neon piscando dentro e fora, faróis de muitas cores (em um só carro) e correndo bem mais rápido que os outros carros normais. Em sua grande maioria são carros de 5ª mão importados, principalmente Toyota, que aqui se chama Toyosa e Nissan. Porém, há algumas coisas em comum: Adesivo no pára-brisa dianteiro, em formato de morcego do Batman escrito Taxi em cor verde fluorescente, luz indicativa de taxi no pára-brisa dianteiro, ao lado do adesivo do Batman e enfeites em formato de árvore de natal pendurados no retrovisor da frente ou no suporte que sobrou dele, que exalam um cheiro fortíssimo de baunilha. Todos os táxis cheiram baunilha por causa dessas arvorezinhas. Outra coisa que achei intrigante é que muitos taxistas tem uma das bochechas maior que a outra, como se estivessem mascando fumo ou com bala na boca, mas algo me diz ser algum tipo de enfermidade. Isso eu não tenho certeza.
- Semáforo aqui é mais uma luz no meio de tantas luzes, ninguém respeita. Andar na contra mão também é natural. Setas são utilizadas com o pisca-alerta, somente para dar mais vida ao carro. Fazer retornos no meio da avenida, andar por cima de calçadas de estacionamento para cortar caminhos também é suuper normal. Porém, também é normal se ver acidentes de trânsito. Vi muitos acidentes pelas ruas.
- Existe uma rua que se chama Capitão Planeta. Acreditem!
- Existe um bairro que se chama Springfield!
Bom e essas foram apenas as primeiras impressões.

TO BE COTINUED...

Postado por Babi Silva , quinta-feira, 10 de setembro de 2009 09:34

Despedida... Sempre sou eu aqui e as pessoas indo embora.
Por causa da AIESEC, a palavra despedida se tornou natural em meu dia-a-dia...
Quantas pessoas já conheci e já me despedi.
Quantas amizades feitas, vindas de tantos lugares e situações diferentes.
Quantas histórias e culturas que à primeira vista parecem distantes, mas se tornam próximas a cada conversa, a cada testemunho, medos e ansiedades compartilhados.
Como disse o Nobre, de Santa Cruz do Sul: “A AIESEC é uma máquina de fazer saudade”.
Porém, como disse uma vez a Simone, uma intercâmbista Holandesa que ficou em BH por 2 meses: “ Se não fosse a AIESEC não teríamos nos conhecido e não teríamos motivo para sentir saudade”.
Realmente, se sentimos saudade é porque foi bom. Ninguém sente saudade de algo ruim. E, se sentimos saudade, é porque temos boas lembranças e conhecemos boas pessoas.
Agora sou eu indo embora e as pessoas ficando aqui.
Minha última semana no Brasil foi somente de despedidas. Despedi-me de quase todas as pessoas importantes em minha vida. Amigos do trabalho, amigos da faculdade, amigos do colégio, amigos de infância, amigos.
Despedi-me também da minha cidade. Passava longos minutos olhando o meu Belo Horizonte, o céu, o pôr-do-sol e as estrelas da janela de meu quarto. Despedi-me inclusive, de meu quarto. Resolvi doar todas as coisas que não iria usar nos próximos 6 meses. Que exercício difícil é esse de praticar o desapego. Logo eu, que sempre gostei de guardar TUDO por sempre pensar que um dia poderia precisar, mesmo nunca lembrando que tinha quando realmente precisava. Isso mesmo, tudo que não coube em minha única mala foi doado ou jogado fora. Guardei apenas boas recordações em cartas, bilhetes e fotos dentro de 2 pastas. Despedi-me também dos edifícios, do trânsito,  que até então pensava ser o mais caótico do mundo, do trabalho. Enfim, despedi-me da fase que se encerrava ali. Alguns podem pensar pra quê tanto saudosismo. Sei que são somente 6 meses fora. Porém, levo sempre comigo o pensamento de Leminsk: “Viva cada dia como se fosse o último”. E lembro-me muito também do velho provérbio que diz que, “Um  mesmo homem não se banha em um mesmo rio duas vezes”. Tento levar essas duas frases como meio de vida, mas nos últimos dias isso se intensificou muito.
Percebi a importância da amizade em momentos de mudança e percebi como algumas pessoas se tornam importantes em nossas vidas sem a gente perceber. Amigos são a família que escolhemos. Sei que é clichê, mas amigos são o porto seguro em momentos de tormenta ou insegurança.
Por outro lado, tem a família que são nossos amigos de sangue. Que nasceram com a missão de nos acompanhar e que temos a missão de acompanhar também. São os que fazem o possível e o impossível pelo seu bem. Aqueles que sabemos que poderemos contar sempre em qualquer situação. E como percebi a importância da família. Mesmo às vezes parecendo distante estão sempre ao nosso lado, torcendo e fazendo de tudo para tornar nossa vida mais fácil e feliz.
Gostaria de agradecer do fundo do meu coração todo carinho, atenção e suporte que todos vocês, meus amigos, sejam da família ou não, demonstraram nas últimas semanas. Só por isso, já valeria a pena fazer intercambio.
E esse é o sentido da vida para mim... Colecionar amizades. É ser feliz e fazer os outros felizes. Como diz uma querida amiga, “...é o cuidar..”. Sim, é ser altruísta e cuidar do próximo sem esperar nada mais que o sorriso e a gratidão do outro. Ser amigo só esperando a amizade, no sentido pleno da palavra.
Bom, começo uma nova fase à procura de novos amigos em novos lugares. Quero ME conhecer melhor, desafiar meus limites. E aqui contarei um pouquinho do que acontecerá em meus 6 meses pela Bolívia.

Despedida do interior

Postado por Babi Silva , segunda-feira, 7 de setembro de 2009 20:45

Conversa na janela...
Almoço feito em fogão à lenha...
Galinhas ciscando com seus pintinhos no quintal...
Chuva no final da tarde... Arco-íris saudando o fim da chuva...
Primos gritando e brincando pelas ruas...
Ruas com tranquilas bicicletas no lugar de nervosos carros...
Vovó lendo ao pé da cama...
Tios brindando à família...
Família brindando à felicidade...
Felicidade...
Felicidade? O que é felicidade?
Se isso não for felicidade, pelo menos é um bom exemplo do que seria uma plena felicidade...
Os dias passam devagar, as horas passam devagar, o cachorro atravessa a rua devagar, a velhinha caminha devagar. Apenas crianças correm, num mundo em câmera lenta...
E eu aqui tentando viver essa felicidade devagarzinho, devagarzinho...
Tentando segurar os ponteiros do relógio antes de voltar pra frenética vida na cidade grande.
Coroaci... Coroa a si mesma, com seu reinado de simplicidade...
Como é simples ser feliz...
Em segundos volto à minha frenética maratona de despedidas.
Para o frenético ritmo de ajeitar tudo antes de meu intercâmbio para a Bolívia.
To be continued...