2010 - Apenas começando

Postado por Babi Silva , quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010 22:31

2010 promete

Fiquei um tempo sem postar aqui no blog, então vou atualizar todas as incríveis coisas que me aconteceram nos últimos meses. O ano de 2010 está sendo um ano muito especial pra mim e vou tentar dar uma resumida.

Tive 2 mineiros de Juiz de Fora trabalhando comigo na Fundação Vida Plena. Eles vieram fazer intercambio pela AIESEC também. Além de colegas de trabalho, foram meus companheiros nas horas vagas. Não tinha tempo ruim, eram pau pra toda obra. Era só fazer o pedido e pronto, já tinha companhia. O problema foi meu espanhol que ficou pior depois que eles chegaram, já que não tinha como evitar falar o bom e velho português. Com a companhia deles, aproveitei para conhecer mais o país. Os bolivianos são mais tranqüilos e não gostam muito de viajar e sair. 

Com Thiago e Mariana, os 2 brasileiros, passei o réveillon em Copacabana do Lago Titicaca.  Um dos lugares mais lindos que eu já conheci. Copacabana é uma vila às margens do imenso Lago e é cheio de mochileiros que fazem a rota Bolivia, Peru e Chile.  Pra todos os lados se ouve inglês e é comum ter placas bilíngües. Ao mesmo tempo em que há essa invasão de turistas, Copacabana conserva bem forte sua cultura. Foi o lugar em que eu mais vi índios nativos. Os índios Aymaras (mesma origem do presidente EVO) estão por toda a parte e nas ilhas do Lago eles ainda vivem de maneira mais tradicional. Depois do réveillon com “gringos” em Copacabana, fomos passar um dia na “Isla Del Sol”, o lugar mais insólito que conheci até hoje. Me senti em um daqueles filmes de Indiana Jones ou no livro “A Ilha Perdida”, de Julio Verne. Caminhamos por quase 1 hora numa trilha pelas montanhas, guiados por um indiozinho Aymara, em direção às ruínas de uma era pré Inca, há mais de 1500 anos atrás. Ele nos contou um pouco sobre as lendas e historias dos seus antepassados. É incrível como um lugar tão lindo e tão cheio de história, ainda é tão desconhecido pela civilização. Por um lado isso é muito bom, pois conhecemos a cultura como ela é e não como querem que ela seja, de maneira bem natural sem coisas artificiais ou construídas para turistas. Por outro lado, perde-se um pouco o conforto dos lugares preparados para os turistas. Às 21 horas não tinha um só lugar onde se podia comer. TODOS os restaurantes da ilha funcionam de acordo com o horário natural. Tudo fecha na hora em que o sol se Poe. Encontramos uma Aymara e ela topou abrir a vendinha dela para que pudéssemos comprar alguma coisa pra comer, aproveitamos e compramos umas cervejas quentes para tomar enquanto esperávamos o sono chegar . Copacabana me trás lembranças bem fortes até hoje. Tanto da parte boa, dos lugares lindos e interessantes, quanto dos apertos que passei por causa de altitude. O lago está a quase 4mil metros de altura. Nessa altitude o corpo demora muito mais a fazer digestão. Então você sente o café da manhã até a metade da tarde. Passei à base de sopa e sem conseguir comer carne. Sentia-me cheia todo o tempo mesmo não comendo nada todo o dia. Além da falta de ar e dores de cabeça comuns pela altitude. 
Apesar de tudo, o ano começou superando minhas expectativas.
   

Já pelo lado do trabalho, tudo deu muito certo também. Um dos projetos que a Fundação tem, é um acampamento para crianças e jovens com diabetes. Esse acampamento é feito para que eles saibam como viver melhor com sua diabetes. Esses acampamentos trazem uma perspectiva completamente diferente para a vida desses jovens, que normalmente, não têm condições e nem orientações para lidarem bem com a doença. O problema é que a Fundação não tem dinheiro para patrocinar esses acampamentos e passei parte do final do ano buscando financiamentos para esse projeto.  Há menos de 2 semanas da data marcada para o acampamento, não tínhamos um tostão furado para realizá-lo.  Só tínhamos apoios de algumas empresas com transporte e comida, mas o mais caro que era o alojamento, não estava garantido. E foi então que, de repente, de um contato que ninguém acreditava dar certo com uma Fundação Alemã, surgiu o financiamento e eles pagaram TODOS os custos do acampamento.  Ao final lá estava eu, mais uma vez organizando um evento.
Diferente do acampamento de Setembro, dessa vez eu participei de todo o processo desde o planejamento até a execução. E o trabalho com a “equipe Vida Plena” também foi muito enriquecedor. Foi muito gratificante ouvir o testemunho de crianças felizes pelo que tinham aprendido durante o acampamento. Senti minha mãozinha nesse impacto e mais uma vez percebi que as coisas mais importantes estão nos pequenos detalhes.
  
Abaixo o link do vídeo que o Thiago fez sobre o acampamento. Todas as brincadeiras tinham como tema, “viver bem com a diabetes”.  Campo Amigo 2010


Logo depois do acampamento chegou uma holandesa para completar a equipe Vida Plena. Cinco voluntários de 3 países diferentes. Mariana, Thiago e Eu do Brasil, Erica dos EUAs e Aukje da Holanda. Aprendi a trabalhar numa equipe multicultural. Nem sempre é fácil, mas com certeza é muito, muito divertido e enriquecedor.

Ao mesmo tempo em que me divertia e trabalhava na Fundação, me envolvi mais ativamente nas atividades da AIESEC em Bolivia. Desde minha viagem para Bueno Aires, cresceu uma vontade de trabalhar na AIESEC em outro país. Meu envolvimento com a AIESEC na Bolivia me deu conhecimento da realidade local e a vontade de fazer parte foi crescendo. Então decidi me aplicar para as eleições da diretoria nacional da AIESEC em Bolivia. Dois meses conversando com membros e ex-membros pra entender a historia e a realidade, conversando com amigos de outros países para ver os prós e contras, uma conversa com a mamãe pra ver se ela apóia e pronto. Em dezembro me apliquei e em meados de Janeiro ganhei a eleição de Presidente da AIESEC em Bolivia. 


Juntamente com a diretoria nacional, serei responsável pelo planejamento estratégico de todos os escritórios nacionais. Serei responsável pela qualidade do intercambio de todas as pessoas que vierem pra Bolivia, assim como eu vim. Serei responsável por  prezar por todos os Bolivianos que eu enviarei para fazerem intercâmbios em outros países e serei responsável por gerenciar a equipe nacional e os presidentes dos escritórios locais que de fato fazem tudo acontecer. Serei responsável por desenvolver jovens líderes e promover intercâmbios que irão melhorar a realidade local. Além disso, serei a representante da AIESEC em Bolivia perante a rede Global. A AIESEC está presente em 110 países e seus respectivos presidentes são responsáveis por traçar os direcionamentos que a organização dá para os seus 45 mil membros em todo o mundo. Para garantir esse alinhamento e direcionamento, fiz uma das viagens mais incríveis da minha vida. Fui para Tunisia participar do Encontro Internacional de Presidentes.  Porém, esse episódio merece um post exclusivo.
Meu time 

Espero que meu ano continue tão cheio de boas surpresas como está sendo até agora. Agora só a saudade da minha terrinha é que aperta. Mariana e Thiago já terminaram seu intercambio e voltaram para casa. Não sei como será meu trabalho daqui pra frente sem a referencia alegre e sempre disposta dos dois.