Eu tenho diabetes.

Postado por Babi Silva , quarta-feira, 7 de outubro de 2009 01:13






Diabetes mellitus  ou  apenas Diabetes é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose ou açúcar no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde.
Apesar de não ter cura, uma pessoa diabética pode viver por vários e vários anos com a doença, desde que faça um tratamento adequado e controle sistematicamente a quantidade de glicose no sangue. Se não for tratada adequadamente, além de matar, a diabetes pode causar doenças e complicações como, infarto, derrame cerebral, insuficiência renal, cegueira, lesões de difícil cicatrização, amputações de membros do corpo dentre muitas outras.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 240 milhões de pessoas sejam diabéticas em todo o mundo, o que significa que 6% da população tem diabetes e segundo uma projeção internacional, a população de diabéticos pode aumentar em mais de 50% até 2025.
Existem 2 tipos principais de diabetes:
O tipo 1 – Onde o corpo não produz insulina. A doença tende a aparecer em jovens de até 30 anos e, geralmente tem origem genética, onde o  estilo de vida também influi.
O tipo 2 – Onde o corpo tem uma resistência à insulina natural. Há o mal funcionamento ou diminuição dos receptores de glicose das células do corpo. Geralmente aparece em pessoas de idade avançada e está muito ligada ao estilo de vida e hábitos alimentares.


Bom, há quase 1 mês, eu sou diabética do tipo 3
Assim são chamadas as pessoas que moram ou convivem muito com pessoas diabéticas. Um diabético tem sua vida alimentar completamente controlada, mudando o hábito de vida, de todos aqueles que convivem com ele.
Vim para Bolívia, trabalhar na Fundación Vida Plena, especializada em diabetes. A fundação é da médica argentina Patricia Blanco, que é diabética do tipo 1 há mais de 25 anos e decidiu dedicar sua vida, energia e também dinheiro a dar suporte às pessoas que não tem acesso e nem condições de controlarem bem a diabetes.
Moro e trabalho na Fundación. Então, acabei me adaptando à vida da Doutora. Produtos dietéticos, alimentação balanceada e com horários controlados agora fazem parte da minha rotina. Isso está sendo muito bom pra minha saúde.


A Fundación Vida Plena é um Ashoka Felow há mais de 10 anos e sempre cria projetos sociais que ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas aqui da Bolívia. A Ashoka e a Artemísia são parceiras da AIESEC e financiam a vinda de jovens profissionais AIESECos, para o desenvolvimento de empreendimentos sociais. Foi assim que eu vim parar aqui.
Em pouco mais de 4 anos de parceria com a AIESEC, mais de 5 intercambistas vieram ajudar a Fundação a realizar empreendimentos sociais. Atualmente, eu trabalho com Alonso, um intercâmbista  da AIESEC Peru, em um projeto de um laboratório móvel, que irá levar educação, tratamento e prevenção de diabetes à comunidades de classe baixa e zonas rurais em todo o país. Várias pessoas morrem por não saberem que possuem diabetes e quando sabem, não recebem orientação nem tratamento adequados, diminuindo muito sua qualidade de vida por causas das complicações que a diabetes trás.

Semana passada, participei da organização de um acampamento nacional da Rede Boliviana de Jovens Diabéticos. O objetivo dessa conferencia é desenvolver o potencial de liderança desses jovens para que eles possam ser multiplicadores no tratamento e na qualidade de vida de outros jovens diabéticos de suas comunidades.


Foi uma experiência que mudou minha vida. Convivi por 3 dias com jovens diabéticos de toda parte da Bolívia. Fiz amigos e agora tenho companhia para conhecer muitas partes da Bolívia que quero conhecer.

Jovens que gostam de se divertir, cantar, dançar, até ensinei a eles a sambar, dançar forró, e dançar alguns rollcalls da AIESEC. Eles amaram e ficavam me pedindo que colocasse de novo. Claro que os médicos presentes ficavam controlando a quantidade de exercícios para evitar hipoglicemias.
São jovens que contam histórias de como já estiveram várias vezes, bem próximos da morte com uma tranqüilidade emocionante. Jovens que, apesar de conviverem com a morte, possuem sonhos como qualquer jovem. Buscam se desenvolver e mais que isso, buscam ser agentes de mudança nas comunidades em que vivem.
Jovens que, além de se ocuparem com tudo que qualquer jovem se ocupa como estudo, trabalho, família, amigos, namoros, precisam se preocupar com detalhes, que nós nem imaginamos. Como por exemplo, como meu corpo está absorvendo isso que estou comendo agora? Será que tenho insulina suficiente para comer esse pedaço de pizza com meus amigos? Até que horas posso ficar na balada, tomando uma cervejinha sem precisar de insulina? Tenho insulina suficiente para dormir até mais tarde hoje? Porque se comem demais ou de menos ou se calculam mal a quantidade de insulina que seu corpo precisa, podem morrer. De tempos em tempos medem a quantidade de insulina no corpo com um aparelho que se chama glucômetro e, dependendo do resultado, precisam comer (mesmo sem fome) ou injetar insulina no sangue.

Durante 3 dias aprendi, vivi um pouco do cotidiano deles, muito mais intensamente do que costumo viver só com a doutora. Aprendi um pouco mais como respeitar meu corpo e me alimentar equilibradamente. Contar quantos carboidratos possuem uma alimentação, quanto de cada tipo de alimento meu corpo precisa diariamente para funcionar bem. Passei a ver o alimento como algo necessário à vida e não como um capricho do gosto.
A diabetes pode aparecer em qualquer pessoa. Conheci jovens que possuem diabetes desde tinham 4, 5 anos até jovens da minha idade que adquiriram a pouco mais de 1 mês e estão se adaptando ainda ao novo estilo de vida.
Adquirir... soa como uma aquisição que buscamos ter. Como evitar isso? Como o câncer, há muitas especulações e poucas certezas sobre a real causa da diabetes. O único que se sabe é que a genética e a qualidade de vida podem estar ligados à fatores de risco.
Essa experiência realmente está mudando minha maneira de ver o mundo. Já não bastasse estar vivendo o intercambio e a nova cultura, também estou vivendo uma nova realidade e isso está me fazendo valorizar ainda mais tudo que tenho e sou.
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1 Response to "Eu tenho diabetes."

Daniela Brandão Says:

Babi, nossa muito bacana seu trabalho! Deve dar muita satisfação fazer parte de tudo isso. Parabéns e continue divulgando essas informações que podem ajudar muitas pessoas.
bjoss