Ninguém é insubstituível

Postado por Babi Silva , quinta-feira, 17 de março de 2011 14:48


A cidade é a mesma: Cochabamba.  
A casa é a mesma.
Os quartos são os mesmos.
Mesmos móveis e até o mesmo clima (com um pouco mais de chuva).
As pessoas...essas sim mudam.
Nem deu tempo de sentir saudades, pois a novidade vem logo para substituir o sentimento.
No mesmo dia, uma vai e a outra chega... O quarto ocupado pela Simone, agora é ocupado pela Ayla que, no lugar de ter a Ju como companheira, tem a Gi. Nesse mesmo quarto que antes havia a Lise e um pouco antes a Natasha... Isso sem contar do quarto do Rafa, agora vazio esperando o próximo “dono”...O mesmo quarto que já foi do Douglas, Santi, Anny e Wendy.

Meu quarto também é o mesmo. Porém entre uma viagem e outra foi ocupado por Toby, Rafa, Ayla, aquela que agora é companheira da Gi, que já ocupou também o quarto que já foi do Rafa... O mesmo quarto que antes de mim recebeu a Dallas...

Claro que não posso esquecer-me do quarto da Naty, Colombiana que mora comigo e agora vive no mesmo quarto que antes foi da Morgan e eventualmente do Santi e da Simone, a mesma que foi roomate da Ju.

Assim como a casa e os quartos recebem moradores temporários. Nossas vidas também recebem pessoas permanentes temporariamente, numa rotatividade que poderia calejar qualquer coração. São pessoas que vão e vêm... Que fazem parte de nossa rotina por um tempo e logo se vão. Em pouco tempo vêm outras pessoas que exercem o mesmo papel de permanente temporário e logo se vão.

Diante disso logo concluo: “Ninguém é insubstituível”.  Ok, ninguém é insubstituível. Porém, são inesquecíveis e, apesar de terem seu papel substituído por outro, deixaram sua marca na alma e no pensamento daqueles que viveram aquele momento da história.

Hoje não consigo ouvir sobre a cidade de Tarija, sem deixar de lembrar-me de Dallas e do Leandro e nossas incríveis aventuras regadas à vinho. Como ir à Copacabana, no lago Titicaca e não me lembrar do Thiago e Mariana? Ler um poema ou ouvir “Bad Romance” da Lady Gaga sem me lembrar do Rafa? Ouvir a palavra pollo sem recordar-me instantaneamente da dança do Pollo criada pela Simone? Escutar a expressão "Hace parte" e não lembrar da Raquelzinha? 

Tantas pessoas que pararam seus cotidianos para viver uma nova rotina num intercambio. Vieram de outros países, culturas e realidades para compartilharem experiências com os que estavam em Cochabamba no mesmo período.

E de novo a magia de misturas de cores acontece... Cada um trazendo sua cor e misturando à tantas cores. Pequenas, mas intensas e coloridas experiências.

Ao final, cada um volta à sua rotina anterior com uma cor diferente, com muitas estórias pra contar. Alguns, eu já revi e continuam muito presente em minha vida. Com outros, apenas troco rápidas frases em redes sociais... outros nunca mais vi, nem conversei... Porém ainda estão e estarão marcados em minha memória... Cada um exercendo seu papel de ser substituível, mas nunca inesquecível.