BH – Brasil – “Não há lugar como nosso lar”.

Postado por Babi Silva , quarta-feira, 5 de maio de 2010 00:26

*Homenagem ao clássico Mágico de Oz e ao novo filme que está em cartaz e que até hoje não consegui ver por causa das lotações do cinema.

Minhas últimas semanas em Cochabamba e na Fundação foram bem tranqüilas. Além da ansiedade de voltar logo pra casa rever a família e os amigos, sentia um leve desespero em pensar que seriam minhas últimas semanas naquele ambiente trabalho/casa da Fundação.

Depois de 7 meses de intercambio alguns temores iniciais se concretizaram e outros não. Tinha receio de enjoar em trabalhar e viver num mesmo ambiente, além do receio de não me adaptar ou ter algum tipo de problema de relacionamento, já que iria viver quase 24 horas num mesmo ambiente e com as mesmas pessoas. Nada disso aconteceu. Os últimos dias foram bem difíceis e o clima de despedida era intenso para todos. O vinculo com a Doutora Patricia, presidente e fundadora da ONG, com a Aukje,voluntária holandesa que também estava morando na Fundação e os filhos da Doutora, estavam bem fortes.  A Doutora tem um jeito bem parecido com o da minha mãe... Talvez por serem do mesmo signo, não sei. Só sei que me senti como se estivesse em casa e sair foi quase o mesmo sentimento de despedida de casa há 7 meses.  Cheguei a conversar um pouco com a Doutora, sobre minha frustração em não ter conseguido ainda o financiamento para o laboratório móvel para diabéticos e então ela foi me lembrando de todo meu trabalho durante esses 7 meses. Dois acampamentos para jovens diabéticos, 3 novos voluntários para ajudar na execução dos projetos, o contato com a rede boliviana de diabetes juvenil, os americanos da Universidade Columbia que foram fazer o estudo financeiro do laboratório móvel e outras tantas pequenas vitórias que me fizeram valorizar minha experiência de intercambio. As lembranças das preocupações das coisas que não iam bem e como, que por mágica, tudo se resolvia e conseguíamos ajuda de onde nem acreditávamos. Vivi e experimentei a todo espírito o ditado Indiano que diz: “Be positive, think positive”. Trabalhar em ONG tem dessas coisas... Por vezes ficávamos com essa frase na cabeça e no final, tudo dava certo. O financiamento aparecia, as pessoas também e pronto. Mais uma realização.

Despedidas. Essa foi minha rotina da ultima semana. Despedidas quase meio que surpresas da Aukje, que terminou seu intercambio, praticamente no mesmo dia que eu.  E minhas despedidas como intercambista. Aukje e eu decidimos gastar nosso tempo visitando parques, praças, lagos e outros lugares "normais" que não tínhamos conhecido ainda... Despedidas com os membros da AIESEC e despedidas na Fundação...Fiz um almoço brasileiro com sobremesa holandesa da Aukje. Pra quem me conhece sabe o desafio que foi fazer um almoço e posso dizer que meu Strogonoff Brasileiro ficou muito bom.


Porém, todo o tempo ficamos naquele clima antecipado de nostalgia. O mais bonitinho, foi a despedida que os meninos de Santa Cruz de La Sierra fizeram pra mim. Meu vôo para o Brasil iria sair às 4:40 da manhã, do aeroporto de Santa Cruz de La Sierra. Avisei aos membros da AIESEC de lá que precisaria de companhia durante o dia até o inicio da noite, quando eu iria para o aeroporto esperar por lá, as horas que faltavam. Eles não ficaram satisfeitos. Quando cheguei em Santa Cruz eles foram me buscar, me levaram para passeios turísticos, para tirarmos fotos de turista e logo depois fomos para uma “piyamada” ou pijamada , um tipo de festa, com musica tranquila, violão e regada à muito café para que todos esperassem bem despertos a hora de ir ao aeroporto.  Às 2 da manhã, 3 carros saíram em direção ao aeroporto, que não fica muito perto da cidade... Despediram-se com o mesmo carinho despretensioso que me receberam 7 meses atrás.
Despedida no aeroporto de Santa Cruz de La Sierra

E depois de tantas despedidas, chegou finalmente o momento das “Boas Vindas”. Como eu senti falta do Brasil, de BH e de todos por aqui. Nunca tinha passado tanto tempo longe de casa e longe do Brasil. Foram quase 5 meses desde a última vez. Tudo bem, a rotina nesses últimos 5 meses foi bem movimentada, cheia de descobertas e novidades, mas mesmo assim foi muito bom voltar a fazer coisas que fazia antigamente.
Nada de novidades dessa vez. Quero apenas desfrutar antigas sensações, amizades e emoções. Ver o pôr-do-sol ou deitar na cama e ficar observando às estrelas da minha janela. Sentar numa mesa de bar e conversar a toa sobre o passado, presente e futuro com os amigos, tomando a boa e deliciosa cerveja gelada brasileira ao som de um sambinha ou um MPB, comendo um típico tira-gosto mineiro.
De repetente, sinto a Bolivia como um episodio em minha vida. É como se eu nunca tivesse saído daqui. A diferença é que tenho algumas histórias pra contar, de experiências que são quase como um sonho que tive...  Dessa vez não estou com a mesma sensação de ser estrangeira na própria terra como tive em Dezembro, quando vim pra cá passar alguns dias.

Estou vivendo o momento... Ainda não tive tempo de sentir saudade da Bolivia e de enjoar da minha vida aqui em BH... Estou no momento de viver a rotina de uma mineira em férias.  Tenho certeza que em alguns dias terei a mesma sensação que me assombrava nas últimas semanas na Bolivia. Quando tinha ansiedade de ir logo e o leve desespero em saber que estava por partir... Bom, no momento não estou querendo pensar nisso... Quero continuar aproveitando a família, minha casa, os amigos e tudo que Minas e o Brasil pode me oferecer... 

É... não há mesmo lugar como nosso lar...

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