Aventuras no Uruguai

Postado por Babi Silva , sexta-feira, 30 de outubro de 2009 01:11

Já que estávamos em Buenos Aires, aproveitamos para dar um pulinho no Uruguai. Uma viagem de apenas 1 hora, por buque (um tipo de barco) pelo Rio La Plata, que mais parece o mar e pronto, pisamos em terras Uruguaias. Destino inicial: Colonia del Sacramento, fundada no século XI, é um vilarejo tombado pelo Patrimônio Histórico da Humanidade. Conhecida localmente como “Manzanas de la Discordia” (Maçã da discórdia) ou “Madre de Las ciudades” por ter sido a primeira “terra” a ser pisada pelos portugueses no Uruguai e palco de séculos de disputas entre portugueses e espanhóis.


Depois de uma correria danada para chegarmos a tempo de pegar um ônibus para Montevidéo, alguém dá a brilhante idéia: “Que tal alugarmos um carro?” . A idéia que, inicialmente parecia um devaneio sem sentido, começou a reverberar em nossas cabeças... Por que não alugar um carro? Natália saiu correndo e já foi perguntando pra Tati: “Tati, que tal alugar um carro?” . Pronto, a empolgação da Tati contagiou a todos e depois de algumas negociações e muita conversa, lá estávamos nós, dentro do “Litlle Blue”, rumo à Montevidéo. 





Era uma van que comportava 09 pessoas, toda plotada com propaganda e fotos de Uruguai. Depois de algumas fotos em frente ao novo “companheiro de viagem” e um cd perdido dentro do som da van, seguimos viagem e 2 horas depois estávamos em Montevideo. Os membros da AIESEC de lá, já estavam nos esperando. Conhecemos o pessoal durante a conferencia da AIESEC em Buenos Aires e eles logo foram se disponibilizando em nos recepcionar, nos alojar em casas de alguns dos membros (aeeê) e nos mostrar as maravilhas do Uruguai.


Na noite que chegamos, fomos a uma Salsa Uruguaia. Brasileiro quando sai do Brasil quer logo aprender a dançar o ritmo latino e acha que todo lugar tem salsa, merengue, essas coisas. Então eles fizeram o que queríamos, nos levaram pra dançar salsa. Depois descobrimos que não é tão comum dançar salsa em Montevideo e o “Boliche” (Boate) que fomos chamado Savache, é frequentado por alunos de salsa. No inicio ficamos vendo aquela galera dançando salsa como se fosse num show de performance, mas depois que o “show” acabou, o lugar se tornou uma casa noturna como qualquer outra do Brasil. Aliás, diferente, porque tocou mais musicas brasileiras do que no Brasil. Pude relembrar velhos sucessos como, “É o Tchan”,”Boquinha da Garrafa” dentre outros  maravilhosos.

No dia seguinte pegamos o “Litlle Blue” com destino à Punta Del Leste. Que lugar mais bonito... fotos, praia, fotos, La Mano, fotos, pegamos pôr-dos-sol na cidade de Piriápolis que tem o famoso Pan de Azucar (qualquer semelhança não é mera coincidência), mais fotos e então voltamos para Montevideo onde tinha uma festinha de recepção da AIESEC Montevidéo. O povo bacana viu... nos acompanharam em todos os passeios. No dia seguinte da festa, nos levaram pra conhecer a cidade de Montevidéo e comer o famoso churrasco uruguaio. Depois do almoço voltamos para Colonia. Conhecemos melhor o pequeno e romântico vilarejo, que também entrou na lista de cidades que eu gostaria de morar pelas belas praias, ruínas históricas e tranqüilidade.



Saldo da viagem ao Uruguai:



- Conheci lindos lugares e praias.
- Fiz novos amigos.
- Aprendi a fazer conversão rapidamente em 4 tipos de moedas, pois podíamos comprar qualquer coisa utilizando pesos Argentinos, Uruguaios, Dólar e até Real. Enchemos o tanque da van utilizando as 4 moedas.
- Quebrei minha câmera fotográfica na noite de salsa =(
- Realizei o sonho de alugar um carro e viajar com amigos conhecendo novos lugares =)
- Sobrevivi a uma tempestade em alto mar, ops alto rio. rsrsrs...




Que Buenos Aires

Postado por Babi Silva , quinta-feira, 29 de outubro de 2009 14:11





Vivo e trabalho na Calle Buenos Aires. Minha chefe é uma médica Argentina de Buenos Aires e recebi um convite para participar de uma conferencia da AIESEC, em Buenos Aires. É... algo me dizia que isso era um sinal de sorte.

Apesar de nunca ter pensado em viajar para Argentina no meio do meu intercâmbio e muito menos ter me planejado, acabei resolvendo ir. Normalmente faria uma big pesquisa sobre o país e as cidades que gostaria de conhecer pela internet,  pegaria mapas, faria um roteiro de lugares pra conhecer, planejaria durante semanas o que levar ou não levar. Pesquisaria o melhor lugar pra dormir, levando em consideração o melhor custo beneficio. Porém, dessa vez não fiz nada disso. Adiantei ao máximo meu trabalho, comprei minha passagem 1 dia antes da viagem e arrumei minha mala horas antes de viajar. Quando se está em outro país, não se tem tanta coisa assim para arrumar. Nunca foi tão fácil fazer as malas.

Além da possibilidade de conhecer outro país, participar de uma conferencia internacional e conhecer novas pessoas, o que mais me motivou a fazer a viagem foi a possibilidade de rever 20 membros da AIESEC BH. Pessoas queridas, que foram imensamente importantes em minha vida nos últimos meses. 20 brasileiros se aventurando em terras portenhas.  Isso sim, me animava muito.

No vôo para Buenos Aires, meu coração batia forte. Senti uma ansiedade imensa, ficava contando os minutos pra chegar logo. Era como se estivesse voltando pra casa. Estranho sentir essa sensação de lar indo para um lugar desconhecido.  Acho que pra sempre Buenos Aires vai me trazer essa sensação de aconchego. 

Foram 9 dias convivendo intensamente com essas pessoas. Matando a saudade de falar mineirês, de saber dos causos e novidades de BH.

Por causa dessa vontade de matar um pouco a saudade, acabei não mergulhando muito na cultura Argentina. Apesar disso, tentei aproveitar o “turismo” durante a viagem e fazer isso com a galera foi bom demais da conta. Me senti fazendo aquelas excursões escolares de final de ano, mas organizar uma tchurma de 20 pessoas não foi coisa fácil. Levávamos horas decidindo o que e para onde irmos. Ao final, formamos pequenos grupos e cada um se aventurou à sua maneira.

Os primeiros 3 dias foram dedicados à Conferencia da AIESEC. Era a Conferência da região do Cono Sur (Argentina, Chile e Uruguai). Fizemos uma delegação de 21 pessoas da AIESEC BH, uma invasão, levando em consideração que cada cidade levava em média 10 pessoas. Todos perguntavam o que tantos brasileiros estavam fazendo ali.
 Nas Conferências da AIESEC temos palestras com profissionais e executivos de grandes empresas locais, nacionais e até internacionais. Aprendemos mais sobre negociação, liderança, gestão de equipe, vendas etc. Também aprendemos um pouco sobre as diversas áreas e oportunidades que a AIESEC oferece.  Além de ser uma ótima oportunidade de se fazer network, pois há pessoas dos mais diversos segmentos e países. Mais uma experiência de abertura de horizonte. Sai da conferência cheia de novos amigos, idéias e novas perspectivas para implementar em meu trabalho e para meu futuro também.

Já como turista, fui a lugares como Plaza Mayo, Casa Rosada, Puerto Madero, Café Tortoni (um café que existe há 150 anos), Caminito entre outros. Claro que fui ao Tango também e me encantou ver pessoas dançando Tango pelas ruas. Claro que é pra Turista ver e cobram 10 pesos pra tirar foto com eles. Aproveitei também para ir ao cabeleireiro. Ai que medo de ficar com corte estilo poodle, mas no final até que ficou bom.   Buenos Aires é uma cidade linda e já entrou na minha lista de cidades onde quero morar. O custo de vida é bem em conta. Só foi difícil se adaptar ao espanhol Portenho e estranhei um pouco também os táxis com taxímetro. Senti falta dos baixos preços das corridas de táxi daqui de Cochabamba.
E de repente ouço uma música que ilustra bem minha semana:

Clique para ouvir - En todas partes - Habana Blues




Eu tenho diabetes.

Postado por Babi Silva , quarta-feira, 7 de outubro de 2009 01:13






Diabetes mellitus  ou  apenas Diabetes é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose ou açúcar no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde.
Apesar de não ter cura, uma pessoa diabética pode viver por vários e vários anos com a doença, desde que faça um tratamento adequado e controle sistematicamente a quantidade de glicose no sangue. Se não for tratada adequadamente, além de matar, a diabetes pode causar doenças e complicações como, infarto, derrame cerebral, insuficiência renal, cegueira, lesões de difícil cicatrização, amputações de membros do corpo dentre muitas outras.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 240 milhões de pessoas sejam diabéticas em todo o mundo, o que significa que 6% da população tem diabetes e segundo uma projeção internacional, a população de diabéticos pode aumentar em mais de 50% até 2025.
Existem 2 tipos principais de diabetes:
O tipo 1 – Onde o corpo não produz insulina. A doença tende a aparecer em jovens de até 30 anos e, geralmente tem origem genética, onde o  estilo de vida também influi.
O tipo 2 – Onde o corpo tem uma resistência à insulina natural. Há o mal funcionamento ou diminuição dos receptores de glicose das células do corpo. Geralmente aparece em pessoas de idade avançada e está muito ligada ao estilo de vida e hábitos alimentares.


Bom, há quase 1 mês, eu sou diabética do tipo 3
Assim são chamadas as pessoas que moram ou convivem muito com pessoas diabéticas. Um diabético tem sua vida alimentar completamente controlada, mudando o hábito de vida, de todos aqueles que convivem com ele.
Vim para Bolívia, trabalhar na Fundación Vida Plena, especializada em diabetes. A fundação é da médica argentina Patricia Blanco, que é diabética do tipo 1 há mais de 25 anos e decidiu dedicar sua vida, energia e também dinheiro a dar suporte às pessoas que não tem acesso e nem condições de controlarem bem a diabetes.
Moro e trabalho na Fundación. Então, acabei me adaptando à vida da Doutora. Produtos dietéticos, alimentação balanceada e com horários controlados agora fazem parte da minha rotina. Isso está sendo muito bom pra minha saúde.


A Fundación Vida Plena é um Ashoka Felow há mais de 10 anos e sempre cria projetos sociais que ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas aqui da Bolívia. A Ashoka e a Artemísia são parceiras da AIESEC e financiam a vinda de jovens profissionais AIESECos, para o desenvolvimento de empreendimentos sociais. Foi assim que eu vim parar aqui.
Em pouco mais de 4 anos de parceria com a AIESEC, mais de 5 intercambistas vieram ajudar a Fundação a realizar empreendimentos sociais. Atualmente, eu trabalho com Alonso, um intercâmbista  da AIESEC Peru, em um projeto de um laboratório móvel, que irá levar educação, tratamento e prevenção de diabetes à comunidades de classe baixa e zonas rurais em todo o país. Várias pessoas morrem por não saberem que possuem diabetes e quando sabem, não recebem orientação nem tratamento adequados, diminuindo muito sua qualidade de vida por causas das complicações que a diabetes trás.

Semana passada, participei da organização de um acampamento nacional da Rede Boliviana de Jovens Diabéticos. O objetivo dessa conferencia é desenvolver o potencial de liderança desses jovens para que eles possam ser multiplicadores no tratamento e na qualidade de vida de outros jovens diabéticos de suas comunidades.


Foi uma experiência que mudou minha vida. Convivi por 3 dias com jovens diabéticos de toda parte da Bolívia. Fiz amigos e agora tenho companhia para conhecer muitas partes da Bolívia que quero conhecer.

Jovens que gostam de se divertir, cantar, dançar, até ensinei a eles a sambar, dançar forró, e dançar alguns rollcalls da AIESEC. Eles amaram e ficavam me pedindo que colocasse de novo. Claro que os médicos presentes ficavam controlando a quantidade de exercícios para evitar hipoglicemias.
São jovens que contam histórias de como já estiveram várias vezes, bem próximos da morte com uma tranqüilidade emocionante. Jovens que, apesar de conviverem com a morte, possuem sonhos como qualquer jovem. Buscam se desenvolver e mais que isso, buscam ser agentes de mudança nas comunidades em que vivem.
Jovens que, além de se ocuparem com tudo que qualquer jovem se ocupa como estudo, trabalho, família, amigos, namoros, precisam se preocupar com detalhes, que nós nem imaginamos. Como por exemplo, como meu corpo está absorvendo isso que estou comendo agora? Será que tenho insulina suficiente para comer esse pedaço de pizza com meus amigos? Até que horas posso ficar na balada, tomando uma cervejinha sem precisar de insulina? Tenho insulina suficiente para dormir até mais tarde hoje? Porque se comem demais ou de menos ou se calculam mal a quantidade de insulina que seu corpo precisa, podem morrer. De tempos em tempos medem a quantidade de insulina no corpo com um aparelho que se chama glucômetro e, dependendo do resultado, precisam comer (mesmo sem fome) ou injetar insulina no sangue.

Durante 3 dias aprendi, vivi um pouco do cotidiano deles, muito mais intensamente do que costumo viver só com a doutora. Aprendi um pouco mais como respeitar meu corpo e me alimentar equilibradamente. Contar quantos carboidratos possuem uma alimentação, quanto de cada tipo de alimento meu corpo precisa diariamente para funcionar bem. Passei a ver o alimento como algo necessário à vida e não como um capricho do gosto.
A diabetes pode aparecer em qualquer pessoa. Conheci jovens que possuem diabetes desde tinham 4, 5 anos até jovens da minha idade que adquiriram a pouco mais de 1 mês e estão se adaptando ainda ao novo estilo de vida.
Adquirir... soa como uma aquisição que buscamos ter. Como evitar isso? Como o câncer, há muitas especulações e poucas certezas sobre a real causa da diabetes. O único que se sabe é que a genética e a qualidade de vida podem estar ligados à fatores de risco.
Essa experiência realmente está mudando minha maneira de ver o mundo. Já não bastasse estar vivendo o intercambio e a nova cultura, também estou vivendo uma nova realidade e isso está me fazendo valorizar ainda mais tudo que tenho e sou.
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